Risco e ocorrência de lesão por pressão em idosos hospitalizados

Abstract

A Lesão Por Pressão (LPP) caracteriza-se como uma ferida crônica na pele e/ou tecido ou estrutura subjacente que é ocasionada pela pressão isolada ou associada à fricção e/ou cisalhamento da pele que está, geralmente, sobre uma proeminência óssea. A população idosa apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento desta ferida em decorrência do próprio envelhecimento e pela maior probabilidade destes ter alguma Doença Crônica Não Transmissível (DCNT), o que aumenta as chances deste grupo vir a desenvolver esse tipo lesão em consequência das doenças e comorbidades apresentadas. OBJETIVO: Identificar os riscos para o desenvolvimento de LPP e a ocorrência desta lesão nos idosos internados na clínica médica de um hospital universitário de Brasília; os específicos foram evidenciar a prevalência de LPP dos idosos internados pesquisados assim como apresentar a associação entre a prevalência de LPP e a capacidade funcional dos idosos bem como o risco de os mesmos desenvolverem LPP. MÉTODO: trata-se de um estudo descritivo transversal com análise quantitativa desenvolvida em um hospital universitário de Brasília no período de agosto de 2018 a fevereiro de 2020 com 125 idosos que estavam internados na clínica médica no referido hospital. Os dados foram coletados em etapas sequenciais e com instrumentos validados. A análise dos dados deu-se por estatística descritiva, inferencial, teste qui-quadrado, análise multivariada e análise de correspondência com a utilização do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) e do software Rstudio. RESULTADOS: A predominância foi de idosos do sexo feminino (52,8%), idade média de 72, 18 anos, sendo em sua maioria brancos (53,6%), casados (41,6%), baixa escolaridade (36,8%), aposentados (77,6%) e com renda mensal majoritária de um salário mínimo (68,8%). Por meio do agrupamento dos problemas de saúde relatados e/ou diagnósticos médicos de internação, os problemas de causas oncológicas, 28%, foram os mais frequentes. A prevalência de LPP, nos idosos internados, foi de 16,8% (21 idosos), em que os fatores de risco para o desenvolvimento desta foram: ser do sexo feminino (62%), ter idade média de 75,24 anos, ser branco (62%), ter estado civil solteiro, divorciado ou viúvo (71,5%), baixa escolaridade (71,5%), ter renda mensal de 1 salário mínimo (81%), ser aposentado (95,2%), estar internado na Clínica Médica ala B (57,1%) por causas oncológicas e respiratórias (29% cada) e ser paciente internado na especialidade de oncologia e/ou ser da especialidade de oncológica e ter outras patologias associadas (47,61%). Foi constato, segundo afirmações colhidas dos idosos, que 72,8% dos profissionais não realizaram exame físico da pele e não realizaram orientações acerca do cuidado com a mesma. No teste do qui-quadrado houve evidências que indicam que quanto maior o grau de dependência do idoso, maior a probabilidade de o mesmo desenvolver a LPP. Sendo também apontado que os idosos classificados como fortemente dependentes tiveram maior prevalência de lesões graves, sendo aqui incluso as LPP´s. Em contrapartida, aqueles considerados independentes apresentaram lesões leves e os que foram classificados em um grau de dependência moderado e totalmente dependentes apresentaram lesões moderadas. Foi possível identificar uma influência maior de causas respiratórias, gastrointestinais e gerontológicas em lesões leves e causas geniturinária em lesões graves, como no caso da LPP. CONCLUSÃO: As repercussões ocasionadas pela LPP precisam ser amplamente discutidas e avaliadas em todas as esferas do cuidado aos pacientes, em virtude de seu enorme impacto biopsicossocial nestes e aos elevados custos por ela ocasionada aos pacientes e aos serviços de saúde. Logo, uma educação permanente regular e uma captação eficiente das medidas de associações se faz de extrema necessidade a fim de melhorar a assistência ao enfermo e otimizar/validar os serviços de saúde no quesito de qualidade da assistência prestada.