Fragmentos de pertencimento e agência : narrativas periféricas do Distrito Federal, da Vila do IAPI à Ceilândia

Abstract

O presente trabalho se destina a contar outras histórias sobre o Distrito Federal a partir da história da Vila do IAPI e da fundação da Ceilândia, atual Região Administrativa do DF, cidade de periferia distante trinta quilômetros do Plano Piloto de Brasília. A Ceilândia foi criada em 1971 durante o governo de Hélio Prates da Silveira, com o intuito de remover a população das vilas que se construíram ao redor do Plano Piloto durante a construção, trazendo desde a sigla que origina o seu nome as marcas simbólicas de sua historicidade: CEI, Campanha de Erradicação de Invasões. A análise toma como fonte documental principal, relatos orais de homens e mulheres, moradoras e moradores da Vila do IAPI, que viveram o processo de remoção para a recém criada Ceilândia, e foram entrevistados(as) pelo Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF). Também compõem o escopo documental, fontes localizadas no acervo de periódicos da Hemeroteca da Biblioteca Nacional, além de registros textuais localizados no acervo do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF); ambas as fontes estão digitalizadas em boa resolução e disponíveis para acesso público, virtualmente. Fazendo frente ao apagamento destas e destes sujeitos na história hegemônica sobre o DF, a investigação se volta para as suas trajetórias pessoais e para as representações sociais construídas em torno do tema, em busca de vestígios de agenciamento histórico nesse processo duplo, de pertencimento e de re(territorialização), tanto nas vilas como na cidade recém criada para os receber.