Distribuição potencial e identificação de áreas prioritárias para produção de tilápias no Brasil

Abstract

A tilápia é uma espécie de peixe originária da África e considerada exótica no Brasil, porém é o peixe mais produzido no país, constituindo uma fonte de alimento de alto teor proteico. Esse peixe possui grande capacidade reprodutiva e tolera condições ambientais extremas, que normalmente são danosas a outras espécies, por isso possui um elevado potencial para aquicultura. Entretanto, a alta adaptabilidade dos tilapíneos resulta em invasões biológicas, já que eles se estabelecem nos ambientes naturais, causando impactos sobre as comunidades nativas. Com isso, oobjetivo do trabalho foiidentificar quais as áreas favoráveis para a produção de tilápia no Brasil, conciliando a demanda de pescado e a minimização de potenciais danos aos ecossistemas aquáticos. Das espécies de tilapíneos criadas no Brasil, tem-se comoênfase duas de maior importância comercial: Coptodon rendallie Oreochromis niloticus. As áreas prioritárias para a produção de tilápia foram definidas a partir da interpolação de quatro dados: o Modelo de Distribuição de Espécie (MDE) utilizando o algoritmo de Máxima Entropia (Maxent), o déficit de consumo de peixes, produção de tilápia e Índice de Pegada Humana (IPH). A ocorrência potencial de C. rendalliconcentrou-se na região Sudeste do Brasil. O. niloticus, por outro lado, foi mais generalista, com habitats potenciais bem mais espalhados ao longo das regiões mais habitadas do país. Os municípios com os maiores déficits de consumo foram São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Foram encontrados52 municípios prioritários para produção de C.rendalli e outros 85 para produção de O. niloticus. Em geral, as áreas onde a tilapicultura seria mais vantajosa se aglomeram no Sudeste e Sul do país. Essas regiões possuem as maiores densidades populacionais e os mais elevados índices de pegada humana do país. Junto a isso, reúnem as condições ambientais mais favoráveis para a criação das espécies de tilápia avaliadas, conferindo um alto potencial para tilapicultura. No outro extremo, nenhuma área prioritária foi identificada dentro da região amazônica, pois a maioria dos estados da região tem alto consumo de peixes nativos e baixos valores do IPH, ou seja, grandes extensões de vegetação natural. Dessa forma, a rentabilidade da criação de tilápia nessas regiões não compensa o potencial impacto ambiental. Em suma, as áreas prioritárias para cultivo de tilápia coincidem com as regiões mais habitadas do país, onde os potenciais impactos ambientais de invasões biológicas da tilápia seriam minimizados.