Controle de espécies exóticas invasoras e aplicação de métodos de restauração ecológica no Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha

Abstract

Atualmente reconhecida como uma das maiores e mais crescentes ameaças à diversidade biológica do planeta, invasões biológicas podem causar irreversíveis e profundas alterações no funcionamento e estrutura dos ecossistemas. Devem, portanto, ser alvo de programas de controle e erradicação em áreas naturais, principalmente no caso de ocorrência em Unidades de Conservação. A área de estudo corresponde ao Arquipélago de Fernando de Noronha, ilha oceânica de origem vulcânica, ambiente considerado mais suscetível ao estabelecimento de espécies exóticas invasoras e cujo território é dividido em duas Unidades de Conservação. Todo esse cenário exige que qualquer forma de intervenção na vegetação se baseie em estudos detalhados para que não se coloque em risco a regeneração de ambientes naturais insulares. Este estudo teve como objetivo: (i) testar a eficiência do controle químico para o controle e/ou erradicação das espécies Cissus verticillata, Lantana camara e Panicum maximum; (ii) testar a taxa de propagação vegetativa por meio da estaquia das espécies nativas: Erythrina velutina, Capparis flexuosa, Ficus noronhae e Capparidastrum frondosum; e, (iii) testar a taxa de germinação das sementes da espécie arbórea Erythrina velutina. Os resultados obtidos demonstraram que o controle químico pode ser uma ferramenta eficiente para o controle das 3 espécies exóticas invasoras amostradas: L. camara (40%), P. maxuimum (66,27%) e C. verticillata (92%). Em relação aos métodos de restauração ecológica em áreas degradadas, a propagação vegetativa por meio da estaquia apresentou médio a alto potencial para 3 das 4 espécies avaliadas. Os resultados das taxas de emissão de brotos para as espécies C. flexuosa (22%), E. velutina (24%) e F. noronhae (49%) indicam que esse pode ser um método eficiente para a recomposição de espécies nativas em áreas que necessitem de regeneração ativa, tendo em vista ser um método simples, econômico e relativamente mais célere. O mesmo se aplica para a E. velutina (31%) em relação ao método da semeadura direta no solo. Apesar das inúmeras dificuldades para a elaboração deste trabalho, tais como os poucos estudos sobre o controle de espécies invasoras e a eficiência dos métodos de recomposição das espécies nativas ou endêmicas do Arquipélago, conclui-se que os métodos aqui analisados podem ser efetivos para que o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha seja capaz de alcançar o controle e/ou erradicação das espécies exóticas invasoras da flora em suas áreas, contribuindo com a restauração de ambientes degradados há décadas.