Perfil de susceptibilidade antimicrobiana de bactérias Escherichia coli isoladas de carnes de frango comercializadas no Distrito Federal

Abstract

Na criação avícola, a bactéria Escherichia coli causa a colibacilose, a qual é uma razão de considerável perda econômica em nível mundial por causar elevada mortalidade das aves. Para diminuir o prejuízo, é comum a prática do uso irracional e abusivo de antimicrobianos nos criadouros de aves, o que tem levado ao desenvolvimento de resistência antimicrobiana. Desta maneira, este estudo teve por objetivo quantificar os coliformes termotolerantes presentes em carnes de frango resfriadas comercializadas no Distrito Federal e isolar cepas de E. coli das amostras, com posterior avaliação da sua resistência antimicrobiana. Foram analisadas 18 amostras de carne de frango resfriadas de diferentes cortes. Para a determinação de coliformes termotolerantes, as amostras foram inoculadas em caldo Lauril Sulfato Triptose, a 37ºC por 24 h. Alíquotas dos tubos positivos foram inoculadas em caldo Escherichia coli (EC), em banho-maria a 45°C por 24 h. Do caldo EC foram isoladas as cepas de E. coli no meio Ágar MacConkey. A susceptibilidade das cepas aos antimicrobianos foi avaliada pela técnica de disco difusão (técnica de Kirby-Bauer). No presente estudo, todas as 18 amostras de carne de frango apresentaram coliformes termotolerantes, porém a quantidade estava dentro do limite estabelecido pela legislação brasileira (˂5,0 x 103 NMP/g). Foram isoladas 39 cepas de E. coli de 15 das 18 amostras (83,3%) e observou-se que essas apresentaram mais resistência a ciprofloxacina (69%), sulfonamida (66%) e tetraciclina (51%), sendo que 66% das cepas foram multirresistentes, isto é, apresentam resistência a três classes de antimicrobianos ou mais. Houve pouca resistência ao cloranfenicol (18% das cepas) e não houve resistência ao imipenem. Conclui-se que embora a quantidade de coliformes termotolerantes nas amostras de carne de frango comercializadas no Distrito Federal tenha sido aceitável de acordo com a legislação brasileira, as cepas de E. coli presentes evidenciaram elevada resistência a antimicrobianos que são utilizados tanto na medicina veterinária quanto na medicina humana. Desta forma, é necessário que se desenvolvam políticas de restrição do uso de antimicrobianos na criação animal no Brasil, para refrear o desenvolvimento da resistência antimicrobiana.