A relação entre o desempenho das empresas dos setores de consumo cíclico e não cíclico e os períodos de crise

Abstract

O presente estudo objetivou analisar as relações entre os períodos de crise econômica de 2014/2016 e pandemia do Covid-19, e o desempenho econômico de empresas brasileiras componentes dos setores de consumo cíclico e não cíclico. Para tal, adotou-se como variáveis indicadores econômico-financeiros, quais sejam: liquidez geral, liquidez corrente, rentabilidade (medida pelo retorno sobre ativo), endividamento e variação da receita. A amostra da pesquisa consistiu em 142 empresas brasileiras listada na B3, cujos dados referentes aos anos de 2010 a 2022 foram colhidos no site Economática. Além disso, de modo a evitar distorções, utilizou-se a técnica de exclusão de outliers com a eliminação de dados demasiadamente discrepantes (dois desvios-padrão) das médias obtidas. Após a constatação de que os dados não possuíam distribuição normal, que não eram pareados e que foram analisados mais de dois grupos, utilizou-se como método de análise o teste de comparação de grupos de Kruskal-Wallis. Foi observado que, a depender da variável, a reação das empresas do setor de consumo cíclico e não cíclico à períodos de crise mostrou-se diferente. Para as firmas alocadas no setor de consumo cíclico, indicadores como liquidez geral e endividamento não apresentaram reação às crises abordadas no estudo, o que não aconteceu com os indicadores de liquidez corrente, rentabilidade e variação da receita, indicando que, possivelmente, tais crises contribuíram para a variação dos mesmos. Já para as empresas do setor de consumo não cíclico, os indicadores liquidez geral, liquidez corrente e endividamento não apresentaram uma relação significativa com as crises, ao passo que a rentabilidade e variação da receita foram possivelmente afetados por esses períodos.