Análise do óleo da macaúba como potencial óleo básico de um biolubrificante

Abstract

A crescente demanda por produtos ecologicamente corretos e a busca de fontes alternativas de produção pela sociedade fazem com que novos projetos de pesquisa sejam desenvolvidos. Estudos já realizados mostram vantagens pelo uso de matérias-primas de origem vegetal em relação os de origem mineral visando menores impactos ambientais. No entanto, devido ao baixo desempenho de alguns padrões de qualidade exigidos como estabilidade oxidativa e térmica dos óleos vegetais, inúmeras reações têm sido propostas para remodelação química dos triglicerídeos que compõem estas oleaginosas e, dessa forma, conseguir a síntese de derivados com propriedades físico-químicas bem similares aos óleos lubrificantes convencionais. Com essa expectativa, foram produzidos derivados do óleo da polpa da macaúba por meio de reações de epoxidação, assim como a obtenção do diol, para eliminar os sítios oxidativos dos óleos vegetais, que são os principais responsáveis pela baixa estabilidade oxidativa e térmica dessas oleaginosas. O potencial dos derivados produzidos em se tornarem óleo básico foi avaliado por meio de análises de propriedades físico-químicas relevantes dos lubrificantes. O óleo da polpa, o epóxi do e o diol foram caracterizados por ressonância magnética nuclear (RMN 1H) e por espectroscopia vibracional na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Como os derivados da polpa de macaúba não apresentaram o estado físico desejado, foi necessário realizar misturas com desses compostos com o óleo da polpa para que fossem realizadas análises físico-químicas já que os equipamentos só realizam medidas com amostras líquidas. Nas análises de viscosidade cinemática a 40°C e 100°C, foi possível perceber um aumento das viscosidades das misturas contendo derivado/óleo em relação ao do óleo da polpa de macaúba, contudo seus índices de viscosidades se apresentaram menores. Esse comportamento foi confirmado pelas diferentes porcentagens da mistura derivado/óleo. Assim, observou-se que quanto maior a porcentagem de óleo da polpa de macaúba nas misturas, maior foi a estabilidade em relação à mudança de temperatura apresentando melhores índices de viscosidade para serem considerados óleos básicos. Já para os índices de acidez total (IAT), os valores obtidos experimentalmente, tanto para o óleo da polpa da macaúba quanto para as misturas derivado/óleo, apresentaram valores exorbitantes comparados com o valor de parâmetro máximo aceitável segundo a norma ANP 669/2017, inviabilizando o lote para ser usado como óleo básico de um biolubrificante.